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Presidente José Mujica durante seu pronunciamento em Novo Hamburgo - Crédito: Bruna Klassmann |
Um dia histórico na vida dos catadores que fazem parte do polo de Novo Hamburgo da Cadeia Binacional do PET. Assim foi a manhã de quarta-feira, 10 de setembro, quando o presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, esteve em solo hamburguense para uma visita técnica ao prédio que abrigará os trabalhadores da Coopetsinos, a Cooperativa de Catadores da Região do Vale do Sinos. No local, um pavilhão no bairro Santo Afonso, será realizado um dos procedimentos do projeto que é processar as garrafas PET em flake (floco derivado do plástico). Durante a visita, o prefeito Luis Lauermann lembrou a importância da parceria entre Brasil e Uruguai. “Com esse trabalho que vamos realizar em conjunto, podemos afirmar que os nossos catadores poderão ter um valor quatro vezes superior do valor que as cooperativas vendem hoje o pet. Isso significa a integração dos povos da América Latina, que utilizam políticas de desenvolvimento econômico fortalecendo a economia local, tendo como resultado a geração de emprego e renda”, ressaltou.
Durante a abertura do evento, o coral do Catavida, programa desenvolvido em Novo Hamburgo pela Secretaria de Desenvolvimento Social (SDS), apresentou canções em homenagem ao público presente. Na cerimônia, o presidente do Uruguai, José Pepe Mujica, falou sobre Economia Solidária e os conflitos contemporâneos do capitalismo. “Não se pode conformar com a existência de um motor só capitalista. Necessitamos criar economias solidárias, economia dos pobres, economia em que os trabalhadores vão aprender a ser patrões deles mesmos. Isso é muito difícil porque tem um problema de estrutura, um problema de capital, tem um problema de ideias e nunca se levaram em conhecer simplesmente os trabalhadores que são capazes de ser chefes de si mesmo. Por isso, as empresas que vamos formando têm o desafio de viver e conviver com o capitalismo”, argumentou. O evento reuniu cerca de 300 pessoas, entre elas estavam uma comitiva do projeto do Uruguai, integrantes da comitiva do Governo Estadual, Delegados da Terceira Conferência Nacional de Economia Solidária (CONAES), cooperativas ligadas aos polos do Estado, representantes dos polos das cidades de Santa Cruz do Sul, Jaguarão, Passo Fundo e Canoas, e os catadores da região.
A Cadeia Solidária Binacional do PET é um projeto realizado pela Secretaria da Economia Solidária e Apoio à Micro e Pequena Empresa (Sesampe), por meio do Departamento de Incentivo e Fomento à Economia Solidária (Difesol). Já em Novo Hamburgo é desenvolvido pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia, Trabalho e Turismo (SEDETUR). O governador do Estado, Tarso Genro, destacou durante a visita técnica que esse trabalho é uma integração dos trabalhadores. “É uma integração através da relação de solidariedade entre os verdadeiros agentes da produção. São aqueles que trabalham, aqueles que geram o processo e aqueles que são donos das suas vidas por estarem em um processo de cooperação. Podemos destacar que esse processo de cooperação binacional é essa experiência que leva ao caminho da solidariedade”, comenta.
Reconhecimento
Representando todos os catadores da região do Vale do Sinos, o presidente da Coopetsinos, Clóvis Eduardo Aguiar, salientou a oportunidade aberta pela Cadeia Binacional do PET no polo de Novo Hamburgo para os catadores da região. “O reconhecimento da classe dos catadores através do projeto está oportunizando um novo mercado de trabalho para as pessoas que eram esquecidas nos lixões e nas ruas escuras”, disse. A Coopetsinos é a central que integra os catadores da região do Vale dos Sinos que trabalharão no polo hamburguense. “Já vínhamos com a perspectiva de entrar na cadeia produtiva e não apenas catar os materiais e entregar para empresas que utilizariam na sua produção. Esta parceria mostra a preocupação da América Latina com o tema”, salientou o catador e um dos fundadores da Coolabore, Paulo Ricardo Bohn.
Produção em Novo Hamburgo
O polo hamburguense produzirá por mês 150 toneladas de flake, retirando das ruas da região 210 toneladas de garrafas pet. Para a fabricação de um quilograma de flake é necessário processar 1,4 quilogramas de garrafa pet. Somente da cidade de Novo Hamburgo, a Coopetsinos receberá 20 toneladas por mês para a realização do serviço. As cidades da região encaminharão para o polo de Novo Hamburgo de 120 a 150 toneladas de garrafas pet. O prédio da Cadeia Binacional do PET em Novo Hamburgo fica localizado na Rua Guia Lopes, 1541, bairro Santo Afonso.
Cadeia PET
A Cadeia Solidária Binacional do PET é um projeto que abrange desde a catação da garrafa, transformação do pet em flake (floco derivado do plástico), até a elaboração de fibra, fio e tecido. A ação que envolve o Brasil, o Uruguai e empreendimentos do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais, gerará uma maior renda mensal aos trabalhadores envolvidos no processo, além de ajudar na preservação do Meio Ambiente. As garrafas PET serão coletadas e transformadas em flake, no Rio Grande do Sul. Além de Novo Hamburgo, as cidades de Santa Cruz do Sul, Jaguarão, Passo Fundo e Canoas, serão encarregadas em processar a garrafa pet em flake. Após, a cooperativa uruguaia Coopima transformará o material em fibra sintética, e, posteriormente, em Minas Gerais, a Coopertêxtil processará a fibra em fio e tecido. Na última etapa, as cooperativas de costureiras do Rio Grande do Sul recebem o tecido ecológico e confeccionam sacolas, calçados, camisetas e outros artigos. O objetivo é consolidar uma cadeia produtiva no setor de reciclagem da garrafa pet entre empreendimentos populares gaúchos, trabalhadores associados do Uruguai e do Estado de Minas Gerais.
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